
O Festival RGPF 2021

O Rio Grande PHOTOfluxo 2021 é uma realização do Ponto de Cultura ArtEstação e objetiva fomentar arte e cultura no município do Rio Grande e em outros territórios brasileiros, através de intercâmbio, conexões e debates sobre a fotografia no contexto da arte contemporânea, privilegiando a diversidade e sua pluralidade de criação, em conversas, exposições, varal fotográfico, projeções e oficinas, com a participação de pesquisadores, artistes, fotógrafes, grupos, coletivos e comunidade em geral, residentes no município do Rio Grande e de outras regiões do estado e do País.
As ações acontecerão de forma híbrida, oficinas e conversas virtuais, exposições e intervenções em diferentes pontos do município, em espaço urbano e público (prédio da Universidade Federal do Rio Grande/FURG, feira livre, rua, avenida, etc.), utilizando diferentes suportes para as intervenções (paredes, muros, tapumes, entre outros).
Uma das características do festival é realizar ações em espaços públicos, como os citados anteriormente, e pautam-se na valorização do acesso igualitário aos bens culturais, para todas, todos e todes, indivíduos e grupos. Entendemos que a melhor forma de corrigir as desigualdades socioculturais é a democratização cultural, transformando espaços do cotidiano em espaços criativos e estimuladores para novas criações e fruições. Teixeira Coelho conceitua a ação cultural como geradora de processo, isto é, capaz de colaborar na formação cultural dos indivíduos, articulando novos processos, novas relações e partilhas de conhecimentos.
PHOTOfluxo 2021: corpo coletivo afeto resistência vida
Eduardo Galeano costumava dizer que "muitas pessoas pequenas, em lugares pequenos, fazendo coisas pequenas, podem mudar o mundo". A equipe do Photofluxo - festival de fotografia... pretende corroborar com essa ideia, realizando mais uma edição em que pretendemos compartilhar com todes imagens, narrativas, relatos e situações em que possamos afirmar a potência do bem-viver e dos encontros.
O medo, a tristeza, a dor e o luto, são alguns sentimentos e emoções que nos acompanham nesses últimos 18 ou 19 meses, desde o começo da pandemia do COVID-19. E são sentimentos que vão nos acompanhar durante a vida. Mas precisamos seguir em frente dando sentido às nossas trajetórias e nossas lutas - pregressas e presentes.
Num oceano de dúvidas e dores que esses meses mergulharam nossa sociedade, ainda assim assistimos a relatos de solidariedade e empatia em diversos lugares do país. Pessoas que juntas, em suas comunidades, mobilizaram afetos, força de vontade e ajudaram quem mais precisava, com comida, acolhimento, esperança. Ou então, saíram juntas, com suas máscaras para protestar e lutar contra a crueldade de nosso estado e pedindo justiça para Ágata, João Pedro, … Outras comunidades, indígenas, quilombolas, se levantaram e saíram às ruas para lutar pelo direito à terra - uma terra que pertenceu aos antepassados.
O desafio de buscar justiça, lutar para acabar com o racismo (contra negres ou indígenas), enfrentar as discriminações de gênero e desigualdade social sempre esteve posto para nossa sociedade. Fazem mais de quinhentos anos que somos colonizados… Mas a pandemia fez lidarmos de outra forma com isto e apesar das derrotas e tantas mortes e sofrimentos, podemos aproveitar este momento para reinventar nossas vidas. Buscar formas mais simples de viver sem destruir a vida - nossas florestas, nossos rios, nossas terras.
Dito isso, a temática do nosso festival de 2021 é um emaranhado de palavras que juntas pretendem expressar nosso desejo de partilhar com o público e nossas/nossos artistas e fotógrafas/os participantes a esperança de transformarmos nosso mundo ou ao menos conversarmos sobre esse desejo, dialogar, trocar experiências e olhares.
Em parte queremos compartilhar também uma visão (dentre muitas) acerca da palavra cultura e do que ela nos remete neste momento. Trazemos assim a contribuição de um pensador argentino, Rodolfo Kusch, que em seu livro Geocultura del hombre americano (2007) relaciona “cultura” ao “solo”, à “terra”: “La cultura significa lo mismo que cultivo. Pero no sabemos qué cultivar. No sabemos dónde está la semilla. Será preciso voltear a quien la está pisando. Pero pensemos también que esa semilla está en nosotros”.
A fotografia - e ou em todas as suas aproximações e fricções com o vídeo, performance, literatura, etc - é ou pode tornar-se também para cada um que a compartilha ou a percebe uma forma de re-existir, de afirmar o bem-viver (como os povos de abya yala) ou as diferentes e diversas formas de entender o mundo.
Por Marcelo Gobatto
CONVIDADOS
Mônica Zarattini
Kadu Xukuru
Leandro Machado
Barbara Pelacani
Thierry Rios
Beatriz Rodrigues
Denise Sá
Xadalu Tupã Jekupé
Jorge Aguiar
Leysis Quesada
Marise Maués Gomes
Gabriel Bicho
Esteve Maris